20 de julho de 2010

Sistematização da Assistência de Enfermagem em Clientes Traqueostomizados

Sistematização da Assistência de Enfermagem (SAE) tem como objetivo personalizar o cuidado ao individuo, tratando mesmo como ser único e enxergando-o como um ser biopsicossocial. Nele têm-se várias etapas: · Histórico de Enfermagem;· Exame Físico;· Prescrição da Assistência de Enfermagem;· Evolução da Assistência de Enfermagem;· Anotações de Enfermagem.

A implantação da SAE constitui uma exigência para as instituições de saúde públicas e privadas de todo o Brasil, de acordo com a resolução do COFEN de número 272/2002. É também uma orientação da lei do exercício profissional da enfermagem (Lei 7.498, de 25 de junho de 1986). Além disso, sua implantação se torna uma estratégia na organização da assistência de enfermagem nas instituições, atendendo, assim, aos requisitos do Manual Brasileiro da Acreditação Hospitalar.

Fazem três meses que trabalho com assistência domiciliar, onde implantei a SAE, deixo-a no prontuário e entrego as intervenções para o acompanhante ou familiar cuidador; sempre utilizo uma linguagem simples e clara, principalmente se o cuidador é leigo no assunto.

Agora, veremos a SAE em clientes com traqueostomia, será colocado os diagnósticos e intervenções correspondentes!

Diagnósticos de Enfermagem
• Comunicação Verbal Prejudicada
• Risco de Integridade da Pele Prejudicada
• Integridade Tissular Prejudicada (mucosa traqueal)
• Risco de Lesão
• Risco de Infecção
• Risco de Sufocação
• Risco de Aspiração
• Desobstrução Ineficaz das Vias Aéreas

Comunicação Verbal Prejudicada
• Manter o dispositivo de chamada da equipe de enfermagem ao alcance do cliente;
• Estabelecer com ele, já no pré-operatório, uma forma de comunicação:
– Frases expressando necessidades, já escritas, para ele apontar;
– códigos de sinais;
– prancheta, papéis, lápis, “tela mágica”.

Risco de infecção
Técnica asséptica nos procedimentos envolvendo o estoma (curativo, limpeza e
fixação da cânula, aspiração);
• Manter curativo e fixador da cânula limpos e secos;
• Manter ambiente arejado;
• Evitar penetração de água, pelos e partículas durante higienização;
Avaliar presença de secreções nas vias aéreas inferiores, e providenciar sua eliminação quando necessário (tosse, drenagem postural, fisioterapia respiratória e/ou aspiração);
• Uso de máscara pelos profissionais ou visitantes que estejam com processos infecciosos respiratórios;
• Evitar locais fechados e aglomerações.

Risco de Integridade da Pele Prejudicada relacionado a fatores mecânicos (cadarço) e umidade
• Fixar corretamente a cânula ao pescoço utilizando cadarço de material macio;
• Aspirar secreções sempre que necessário;
• Conservar a pele peri-traqueostomia hidratada com creme suave ou AGE (Ácidos Graxos Essenciais);
• Manter boa higiene na área ao redor da traqueostomia, limpado-a com sabonete neutro e água limpa, cuidadosamente, pelo menos duas vezes ao dia.

COMO FAZER O CURATIVO DA TRAQUEOSTOMIA?
FONTE: SWEARINGEN, P.L. Atlas fotográfico de procedimentos de enfermagem. 3.ed. Porto Alegre: Artmed, 2002.
_Fazer limpeza com gaze ou haste de algodão umedecida com NaCl 0,9% estéril;
_Ao fazer o curativo, usar manobras delicadas;Utilizar uma proteção entre a
cânula e a pele, mantendo-a sempre limpa e seca;
_Utilizar compressas de gaze pré-cortadas ou curativos específicos como demonstrado na foto do inicio do texto, este é o Allevyn Tracheostomy (curativo hidrocelular, altamente absorvente); Não cortar as compressas de gaze, para evitar risco de penetração de fiapos na cânula ou no estoma traqueal.
_Usar acolchoados de gaze dobrada ao meio de cada lado da cânula ou fazer o modelo gravata.

Risco de Lesão
• Cuidar para que os circuitos dos nebulizadores ou respiradores não exerçam tração sobre a traquéia ou que puxem para fora a cânula
• Cuidar para que não sejam usados cigarros ou aerossóis no ambiente.
Risco de Integridade Tissular Prejudicada (mucosa traqueal)
• Prevenir compressão da mucosa traqueal pelo balonete (“cuff”) insuflando-o
adequadamente.
• Estudos tem demonstrado que pressões superiores a 30 cm de H2O (23 mm Hg) alteram a perfusão da mucosa traqueal gerando lesões isquêmicas.
• Estas lesões podem evoluir para granulomas ou fibromas, acarretando estenose da luz traqueal.

Para evitar a lesão da mucosa traqueal
• Insuflar o balonete (“cuff”) com a quantidade de ar necessária apenas para impedir o escape do ar inspirado ao redor da cânula.
Para prevenir compressão da mucosa traqueal pelo balonete (“cuff”) alguns serviços utilizam o CUFÔMETRO ou CUFFLATOR. A monitorização periódica e o preciso ajuste da pressão do "cuff" das próteses ventilatórias evita diversos contra-tempos e desconforto ao paciente. A pressão ideal está entre 26 a 30 cm de água. Este equipamento permite medir a pressão e ainda corrigir a quantidade de ar insuflação , pois é dotado de válvula e uma pêra. Para prevenir compressão da mucosa traqueal pelo balonete (“cuff”).
Risco de Sufocação
• Retirar a água que se acumula no interior dos circuitos.
• Durante banho de aspersão evitar penetração de água fletindo o pescoço.
• Não fazer banho de imersão.
Acesse o site do INCA e confira o Manual de Orientações aos Clientes Traqueostomizados: www.inca.gov.br/inca/Arquivos/manuais/pessoatraqueostomizada.pdf
Obrigada, qualquer dúvida deixe o seu comentário ou mande via e-mail: fabipodologa@yahoo.com.br

Um comentário:

  1. Eu queria saber uma informação a senhora poderia me ajudar??
    é que estou atendendo um pcte e ele tem traqueostomia plástica com cuff e eu queria saber como faz pra insuflar e desinsuflar e qdo faz essa insuflagem se é durante a aspiração, antes ou depois da aspiração (eu acredito que seja assim: desinsufla, aspira e insufla denovo tá certo?)
    No caso do Bipap para fazer exercicio no pcte traqueostomizado pode colocar mesmo se o cuff tiver furado?

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